Em busca de legitimar fusão com o ''socialista'' PSB, prefeito tenta  impor perfil ''humanista'' ao estatuto do partido que pretende fundar.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, pretende impor uma  "maquiagem ideológica" no estatuto do Partido da Democracia Brasileira  (PDB), legenda que pretende criar até agosto, para justificar, em  seguida, uma fusão com o Partido Socialista Brasileiro (PSB), à esquerda  do espectro político. A ideia é preparar o terreno para uma aproximação  das duas legendas sem evidenciar o contraste ideológico de Kassab com o  PSB.
Se assumisse um perfil mais próximo do DEM, partido ao qual está hoje  filiado, Kassab poderia enfrentar dificuldades para legitimar a fusão  com o PSB. Ao mesmo tempo, se pincelar o novo partido com um discurso à  esquerda, pode levar o PSB a modificar seu estatuto para a futura fusão  e, com isso, atrair políticos de centro e centro-direita.
Já em elaboração, o estatuto prevê, por exemplo, "a  humanização dos centros urbanos". Essa foi uma das bandeiras de Kassab  em programas como o Cidade Limpa. O texto deverá ser concluído nas  próximas semanas e submetido a votação entre apoiadores da nova legenda.  Depois disso, o estatuto será registrado numa Junta Comercial. A previsão é que esse trâmite burocrático exigido pelo Código Civil e  pela legislação eleitoral seja concluído nas próximas semanas. Em  seguida, Kassab e seus apoiadores buscarão as assinaturas necessárias  para a criação da legenda. A Lei Eleitoral, com base no resultado das  últimas eleições, exige que sejam coletadas as assinaturas de 482.894  pessoas, o equivalente a 0,5% dos votos válidos.
Contas. Em São Paulo, Kassab precisaria reunir o apoio de pelo menos  106.587 assinaturas. Por ser prefeito da capital, a expectativa é que as  assinaturas de eleitores paulistas sejam a maioria das mais de 400 mil  necessárias. Assim, os futuros integrantes do PDB poderiam recolher  assinaturas nos Estados com menor número de eleitores, como Roraima,  onde precisariam do apoio de apenas 1.113 eleitores.
Todas as assinaturas seriam encaminhadas às zonas eleitorais e depois  aos Tribunais Regionais Eleitorais. O pedido para a criação do partido  seria então submetido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nos planos de Kassab e de seus apoiadores, esse processo precisa ser  concluído até outubro. Para que possam disputar as eleições municipais  pelo PDB, os pré-candidatos precisam estar filiados à legenda um ano  antes do pleito de 2012. E para evitar que sejam acusados de  infidelidade partidária, e por consequência percam seus mandatos, os  futuros pedebistas só devem se desfiliar de suas legendas após a  conclusão do processo de criação do PDB.